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4. Coleta e transporte de lixo urbano
O principal objetivo da remoção regular
do lixo gerado pela comunidade é evitar a proliferação
de vetores causadores de doenças. Ratos, baratas, moscas encontram
nos restos do que consumimos as condições ideais para
se desenvolverem.
Entretanto, se o lixo não é coletado regularmente os efeitos
sobre a saúde pública só aparecem um pouco mais
tarde e, quando as doenças ocorrem as comunidades nem sempre
associam à sujeira.
Quando o lixo não é recolhido, a cidade fica com mau aspecto
e mau cheiro. É isto que costuma incomodar mais diretamente a
população, que passa a criticar a Administração
Municipal. As possibilidades de desgaste político são
grandes e é principalmente por isto que muitas Prefeituras acabam
por promover investimentos no setor de coleta de lixo.
O sistema de coleta
Na coleta do lixo existe um relacionamento estreito entre administração
do serviço e população. Todos sabem como a coisa
funciona na prática, mas a maioria jamais parou para pensar na
complexidade de ações que exigem envolvimentos e responsabilidades
dos dois lados.

É só observar como é, no dia-a-dia de uma cidade:
os moradores de uma rua
colocam os recipientes de lixo em um lugar certo, prevendo sua posterior
remoção;
isso não se faz
a qualquer tempo, mas em dias preestabelecidos, quando passam veículos
e funcionários recolhendo o lixo dos recipientes;
os usuários sabem
a hora aproximada em que o serviço é executado e tratam
de tomar suas providencias antes;
há diversas maneiras
de efetuar a coleta. É preciso um método que coordene
todos os movimentos necessários, buscando o máximo de
rendimento com o menor esforço;
existem também
muitos tipos de veículos e equipamentos coletores que devem ser
adequados aos lugares onde se presta o serviço.
O conjunto de ações e elementos mencionados se chama sistema
de coleta. A Prefeitura tomará decisões em relação
a cada uma de suas etapas. Assim, definirá o padrão de
serviço que irá oferecer a sua comunidade.
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O planejamento da coleta
Planejar a coleta consiste em agrupar informações sobre
as condições de saúde pública, a capacidade
técnica do órgão que prestará o serviço,
as possibilidades financeiras do Município , as características
da cidade e os hábitos e as reivindicações da população,
para então discutir a maneira de tratar tais fatores e definir
os métodos que forem julgados mais adequados. Planejar significa
tomar decisões de forma prudente, procurando sempre imaginar
consequências. É, portanto, um ato político. Não
há "receitas de bolo". Podem, porém, ser apresentadas
alternativas que ajudem a dimensionar as atividades em cada cidade.
Entre
os levantamentos que deverão ser executados, destacam-se:
as características
topográficas e o sistema viário urbano. Registrados em
mapas, deverão caracterizar o tipo de pavimentação
das vias, declividade, sentido e intensidade de tráfego;
a definição
das zonas de ocupação da cidade. As áreas delimitadas
em mapas deverão indicar os usos predominantes, concentrações
comerciais, setores industriais, áreas de difícil acesso
e/ou de baixa renda,
os dados sobre população
total, urbana, quantidade média de moradores por residência
e, caso houver, o número expressivo de moradores temporários;
a geração
e a composição do lixo;
os costumes da população,
onde deverão ser destacados os mercados e feiras livres, exposições
permanentes ou em certas épocas do ano, festas religiosas e locais
preferidos para a prática do lazer;
a disposição
final do lixo.
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Tipos de lixo que são coletados
A Prefeitura ou o órgão prestador do serviço devera
regulamentar os tipos de resíduos a serem removidos pelo serviço
de coleta.
Geralmente
são coletados os seguintes tipos de lixo:
domiciliar;
de grandes estabelecimentos
comerciais;
industrial, quando não
tóxico ou perigoso;
de unidades de saúde
e de farmácias;
animais mortos de pequeno
porte;
folhas e pequenos arbustos
provenientes de jardins particulares;
resíduos volumosos,
como móveis, veículos abandonados e materiais de demolição.
Estes necessitam de um serviço especial para sua retirada, devendo,
portanto, ser cobrado dos usuários.
Modernamente, para a remoção do lixo domiciliar, vem sendo
difundida a idéia da separação, na fonte geradora
(domicílios), dos seus diversos componentes recicláveis
(papel, plásticos, vidros, metais, etc.) e da sua fração
orgânica. Trata-se de coleta seletiva do lixo, assunto que será
abordado no capítulo 8.
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Cobertura do serviço
A coleta do lixo de uma cidade deverá ter como meta atender indistintamente
a toda a população, pois o lixo não coletado de
uma determinada área e lançado em terrenos baldios, por
exemplo, causará problemas sanitários que afetarão
não apenas à população das proximidades.
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Ponto de coleta dos recipientes
Normalmente os moradores devam deixar os recipientes com o lixo na calçada,
em frente às suas casas, apenas pouco tempo antes da coleta.
Assim, evita-se que animais espalhem os resíduos, entre outros
aspectos negativos.
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Freqüência de coleta
Freqüência de coleta é o número de vezes na semana
em que é feita a remoção de lixo num determinado
local da cidade. Os fatores que influenciam esta decisão são:
 tipo
de lixo gerado;
as condições
climáticas;
os recursos materiais e
humanos à disposição do órgão prestador
de serviço;
a limitação
do espaço necessário ao armazenamento do lixo pelo usuário
em sua casa ou negócio.
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Método de coleta
O método, ou melhor, a maneira empregada pelos garis para a coleta
de lixo, é conseqüência de um conjunto de fatores.
Os mais importantes são
a
forma de utilização da mão-de-obra;
tipo de recipientes usados
pela população no acondicionamento do lixo;
a densidade populacional
da área;
as condições
de acesso existentes.

Quanto à utilização da mão-de-obra,
a fórmula mais usual consiste em entregar a cada equipe ou guarnição
de coleta (o motorista e os coletores) a responsabilidade pela execução
do serviço em um determinado setor da cidade.
Operacionalmente cada setor corresponde a um roteiro de coleta, isto é,
ao itinerário por onde deverá trafegar um dado veículo
coletor para que a guarnição possa efetuar a remoção
do lixo dentro de uma jornada normal de trabalho.
Em locais de densidade populacional alta há uma maior concentração
do lixo gerado. Os garis não precisam se deslocar muito para recolher
grandes quantidades. A produtividade de coleta é alta.
Nos locais de baixa densidade populacional o uso de carrinhos com rodas
de borracha para transporte de latões de 200 litros passa a ser
uma opção interessante para agilizar o serviço. Os
mesmos carinhos são também indicados para a coleta do lixo
em ruas que, pelas suas caracteristicas, impeçam a manobra ou até
mesmo a entrada do caminhão coletor. Nas ruas de trânsito
intenso a coleta deve começar em um dos lados da via pública
e depois serem recolhidos os recipientes do outro lado.
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Veículos coletores
Tipos
Os veículos normalmente indicados para as atividades de coleta
são caminhões com carrocerias sem compactação
e/ou com carrocerias compactadoras.
As carrocerias sem compactação mais empregadas na limpeza
urbana são:
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Os principais tipos de carrocerias compactadoras utilizados no Brasil
são:

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Escolha do veículo coletor
A escolha do veículo coletor é feita considerando-se principalmente:
a natureza e a quantidade
do lixo;
as condições
de operação do equipamento;
preço de aquisição
do equipamento;
mercado de chassis e equipamentos
(facilidade em adquirir peças de reposição);
os custos de operação
e manutenção;
as condições
de tráfego da cidade.
Deve-se estar atento para o bom "casamento" de chassis e equipamentos.
Os equipamentos compactadores são recomendados para áreas
de média a alta densidades, em vias que apresentem condições
favoráveis de tráfego.
Nas cidades pequenas, onde a população não é
concentrada, os equipamentos sem compactação são
os mais indicados.
Nunca é demais lembrar que, em cidades médias e grandes,
existem áreas com características diferentes que podem
justificar o uso de diversos tipos de equipamentos.

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Guarnição de coleta
Embora se dependa do tipo de veículo coletor a ser empregado
para o dimensionamento da guarnição, ou seja, da equipe
de trabalhadores que irão efetuar a coleta, pode-se utilizar
o seguinte quadro:
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Estes números são dados apenas como referência, já
que determinadas peculiaridades locais poderão exigir variações.
Uma coisa porém é certa: quanto menor o número de
coletores, maior será a produtividade de cada um.
É importante que a coleta em cada um dos setores seja sempre responsabilidade
de uma mesma guarnição. O conhecimento da área contribui
bastante para agilizar o serviço e também facilitar a fiscalização.
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Determinação dos roteiros de coleta
Finalidade
Os
roteiros ou itinerários de coleta são definidos para que
o serviço se torne o mais eficiente possível. Para tanto,
a regularidade do serviço e o conhecimento dos dias e horários
de coleta pela população são medidas fundamentais
à consolidação dos roteiros.
Critérios
Deve-se contar, sempre que possível, com a colaboração
da equipe de coleta e dos fiscais no planejamento ou nas alterações
de roteiros. Eles, mais do que ninguém, conhecem as características
e peculiaridades do serviço.
Para
que os setores sejam bem dimensionados, torna-se necessário adotar
o seguinte critério básico:
utilizar ao máximo
a capacidade de carga dos veículos coletores, isto é, evitar
as viagens com carga incompleta;
aproveitar integralmente
a jornada normal de trabalho da mão-de-obra;
reduzir os trajetos improdutivos,
ou seja, aqueles em que não se está coletando;
fazer uma distribuição
equilibrada da carga de trabalho para cada dia e também para todas
as guarnições;
estabelecer que o começo
de um itinerário seja próximo à garagem e o término
próximo ao local de destino, sempre que for possível;
a coleta em áreas
com fortes declividades deve ser programada para o início da viagem
(o caminhão está mais leve);
sempre que possível,
coletar nos dois lados da rua ao mesmo tempo, mediante trajetos com poucas
voltas.
Como
já mencionado anteriormente, deve-se ainda lembrar:
em ruas muito largas ou de trânsito intenso é aconselhável
fazer a coleta primeiro de um lado e depois do outro;
quando a rua servir de estacionamento a muitos veículos e/ou possuir
trânsito intenso, é aconselhável escolher os horários
em que esteja mais desimpedida (horário noturno para ás
área comerciais e diurno para áreas residenciais);
não é recomendável a entrada dos caminhões
coletores em travessas de curta extensão ou em ruas sem saída.
Nestes casos, a coleta deve ser efetuada com os trabalhadores portando,
por exemplo, tambores de 200 litros sobre carrinhos de roda de borracha.
Dimensionamento
Para se efetuar a divisão da cidade em roteiros, é fundamental
que as características particulares de seus bairros se conhecidas.
Um método bastante simples e que pode adotado em qualquer cidade
é o da "cubagem", que consiste:
escolher um recipiente-padrão
de transferência para os trabalhadores utilizarem na operação
de coleta. Latões de 100 litros são uma boa opção;
determinar o número
de recipientes-padrão coletado cada quarteirão da cidade
no decorrer da semana. Deve ser anotada também a quantidade de
recipientes-padrão necessária para completar uma carga do
veiculo empregado;
 registrar
as cubagens diárias, quadra por quadra, em mapas, onde também
estarão as sentido de tráfego e topografia;
determinar a extensão
do itinerário, que será limitado pelo número de viagens
que o veículo coletor fará do local de destino em cada dia.
multiplicar o número
de viagens diárias previstas pela quantidade de recipientes-padrão
que o veículo coletor pode conter. Este será o tamanho do
itinerário medido em número de recipientes;
traçar em mapa o
itinerário que parecer mais apropriado, somando o número
de recipientes por quadra até que se atinja o total calculado no
item anterior.
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Implantação do serviço
Após explicar aos trabalhadores (guarnição, motoristas
e fiscalização) sobre os objetivos das novas medidas, os
roteiros serão colocados em prática procedendo-se a um acompanhamento
dos tempos empregados no deslocamento do veículo em todos os percursos.
Este estudo possibilitara alguns ajustes. As ocorrências mais comuns
são:
alguns veículos carregarão,
na última viagem prevista para o dia, apenas uma parcela da carga
para a qual estão dimensionados e, neste caso, o último
roteiro deve ser aumentado;
outros veículos estarão
sobrecarregados, não conseguindo recolher o lixo do setor no número
de viagens programadas, havendo necessidade de se diminuir o itinerário.
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Coleta contratada
As vezes as Prefeituras repassam a responsabilidade total ou parcial do
serviço de coleta de lixo a empresas privadas. As condições
de execução do serviço, bem como os pré-requisitos
para participação das firmas interessadas, deverão
estar explicitas em edital de licitação.
O pagamento do serviço pode ser feito com base na quantidade de
lixo coletada, quando houver possibilidade de pesar os caminhões
em balança rodoviária, ou através de um valor fixo
mensal preestabelecido.

As vantagens dessa medida são:
a redução
significativa dos investimentos na compra de equipamentos e implantação
de instalações físicas;
a eficiência da mão-de-obra;
a agilidade na aquisição
de material sobressalente para os veículos coletores;
a eliminação
de procedimentos burocráticos e injunções políticas,
quando se desejar modificações imediatas de equipe e pessoal;
conhecimento prévio
dos gastos com o sistema, facilitando, entre outros aspectos, a fixação
de valores para eventual cobrança de taxa ou tarifa.
As principais desvantagens são:
a necessidade de fiscalização
rigorosa por parte da Prefeitura, sobretudo se o pagamento do serviço
se der em função de quantidade de lixo coletado;
a pouca flexibilidade do
sistema em atender a situações não previstas na ocasião
do contrato, como por exemplo, a remoção de resíduos
decorrentes de inundações, greves, etc.
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Estações de transferência
As estações de transferência, ou transbordo, são
locais onde os caminhões coletores vazam sua carga dentro de veículos
com carrocerias de maior capacidade que seguem até o destino final.
Têm como objetivo reduzir o tempo gasto de transporte e conseqüentemente
os custos com o deslocamento do caminhão coletor desde o ponto
final do roteiro até o local de disposição final
do lixo.
Esta solução costuma ser empregada quando as áreas
disponíveis para disposição do lixo se encontram
muito afastadas dos locais de coleta.
Tipos
Existem duas alternativas básicas para a construção
de estações de transferência: sem compactação
e com compactação.
Os dois tipos de estação de transferência com compactação
apresentado s deve m ser complementados por silos ou pátios de
acumulação, com a finalidade de permitir o vazamento de
carga de carros coletores, sem a eventual presença de carretas
na estação de transferência.
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Viabilidade
Em cidades de maior porte, para viabilizar a implantação
de uma estação de transferência em moldes convencionais,
costuma-se admitir como pré-requisito que:
a
área de coleta esteja situada a pelo menos 30 km (ida e volta)
do local de destinação;
trajeto
até o local de destinação se faça em tempo
superior a 60 minutos (ida e volta);
a
quantidade de lixo coletado na área em estudo seja significativa.
E tudo isso tem de acontecer ao mesmo tempo!
Porém, antes de qualquer decisão, devem ser feitos estudos
cuidadosos. As vantagens de uma estação tem de ser comparadas
com os custos de aquisição, operação e manutenção
de equipamentos e dos veículos de transferência.
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Controles operacionais
Os formulários de controle são necessários para que
se mantenha o padrão do serviço dentro do que foi planejado.
Servem também para indicar a necessidade de alguma alteração
no sistema implantado, já que este deve ser dinâmico, acompanhando
as transformações continuas que ocorrem na cidade.
Os formulários deverão conter as seguintes informações
básicas:
controle
de execução do serviço;
controle
da carga do veículo coletor;
controle
dos tempos onde serão anotados os horários de chegada e
saída dos seguintes locais:
a)
garagem;
b) inicio da coleta;
c) termino da primeira viagem;
d) chegada ao local de destino;
e) saída do local de destino;
f) inicio da segunda viagem e assim por diante até ...;
g) volta a garagem (conclusão do serviço).
Na garagem e no local de destinação os horários deverão
ser verificados e rubricados por um funcionário designado pela
chefia.
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Sistemas alternativos
Aspectos gerais
A necessidade de uma melhor aplicação dos recursos financeiros
disponíveis nas Prefeituras tem levado as Administrações
Municipais à redescoberta da simplicidade como o caminho mais adequado
para a resolução dos problemas. Alternativas eficientes
e de baixo custo passam a ser valorizadas.
Imagina-se que valham mais que tecnologias sofisticadas, caras e nem sempre
adequadas às realidades regional e local.
Aplicações práticas
As propostas apresentadas neste item não devem ser encaradas como
soluções definitivas ou imutáveis. Tratam-se apenas
de exemplos práticos que ajudarão a pensar no assunto.
a) Prefeituras que não tenham condições financeiras
para aquisição de veículos coletores compactadores
podem solucionar seu problema de coleta com o uso de equipamentos menores,
como a carroceria basculante (convencional ou "Prefeitura")
de 5 m3 de capacidade, montados em chassis leves;

b)
carroças com tração animal, com capacidade para
transportar de 1,5 a 3,0 m3 de lixo, podem ser usadas quando faltarem
ao Município recursos financeiros para aquisição
e operação de veículos coletores convencionais,
ou ainda em áreas inacessíveis a outros equipamentos;
c) microtrator agrícola rebocando carretinha de madeira pode
ser r uma boa opção para áreas de difícil
acesso;

d) rampas de transbordo de lixo bastante simples podem ser construídas
aproveitando-se desníveis naturais do terreno em áreas
de difícil acesso, onde a coleta é feita por microtrator
ou tração animal. O vazamento pode ser feito:
em
caçambas estacionárias tipo Dempster ou Brooks, operadas
por veículos tipo poliguindaste;
em
lixeiras construídas em alvenaria.

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