Assunto: | Sapatos reciclados |
País: | Brasil |
Fonte: | http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJP0-3062-110678,00.html |
Data: | 9/2007 |
Enviado por: | Rodrigo Imbelloni |
Curiosidade (texto): | Um sapateiro de Franca, no interior paulista, ganha a vida aproveitando tudo o que as fbricas de calados masculinos no querem mais. Ele s trabalha com matria-prima que encontra no lixo e no pra de conquistar clientes. Afinal, quem resiste a um par de sapatos, novinho em folha, por um precinho pra l de camarada? Nos ps de Fernando qualquer sapato passa por um rigoroso teste de qualidade. Bem antes do sol nascer ele j est nas ruas, atrs do que d um bom dinheiro e ningum percebe: pares de calados novinhos, que as fbricas jogam no lixo. No s recolher e depois vender. Alguns tm defeitos, mas para Fernando no importa. Podem ser de ps diferentes, marrom, preto, com ou sem detalhe, que ele d um jeito. "Se ficar o dia inteiro procurando sapatos, eu encho um nibus ou caminho." Tem muita coisa jogada nas caambas, porque Franca a capital do sapato masculino. Tem 600 fbricas, que exportam para mais de 60 pases. Fernando passa em pelo menos 50 indstrias. No leva s sapato. Ele enche o porta-malas do carro com baldes de tinta, pedaos de couro e prego. s vezes, ainda precisa de um empurrozinho para seguir em frente. Fernando recolhe entre 800 e mil pares de sapatos por dia. Os calados so separados e depois desmontados. Com o solado e partes do couro que sobram, Fernando produz novos sapatos. Num depsito, uma confuso que s Fernando consegue entender. Sapatos meio parecidos para um lado, diferentes para o outro e uma montanha de matria-prima. Uma tinta aqui, um retoque ali e o artista da sapataria entra em ao. Em quarenta minutos, os sapatos esto novinhos em folha, sem remendo, sem qualquer defeito. Nem d pra gente perceber onde houve transformao. Depois, mais uma corridinha at a esquina para montar a lojinha em cima do prprio carro. E no preciso nem propaganda. Sapato novinho por R$ 15 tudo que os clientes mais querem. Dez anos de fbrica em fbrica, Fernando encontrou na reciclagem de sapatos renda para viver, comprar carro, terrenos e construir uma casa de 500 metros quadrados. |